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Inteligência artificial, democracia e o futuro da civilização: uma reflexão sobre as ideias de Yuval Harari


A revolução tecnológica que vivemos hoje é mais do que uma simples atualização de gadgets ou softwares; é uma transformação profunda na forma como organizamos nossa sociedade e entendemos nosso papel nela. Yuval Noah Harari, em seu novo livro "Nexus", levanta questões muito importantes sobre o impacto das redes baseadas em computadores — ou, mais amplamente, da inteligência artificial (IA) — na civilização humana. Para ele, essas redes não apenas representam uma nova forma de burocracia, mais poderosa e incansável do que qualquer outra já vista, mas têm o potencial de criar novas "mitologias" intercomputadores, moldando nossas crenças e estruturas sociais de maneiras inéditas.


Harari nos alerta para o fato de que, ao lado dos enormes benefícios potenciais dessa nova era, há riscos igualmente significativos. Ele lembra que, nosso temor de que novas tecnologias trariam o apocalipse não se realizou. A Revolução Industrial, por exemplo, embora tenha sido recebida com resistência pelos luditas, acabou por elevar os padrões de vida de grande parte da humanidade. Mas agora, com a IA, diz Harari, o resultado pode ser outro, por conta de seu potencial para ultrapassar as capacidades humanas em áreas-chave.


Concordo com Harari quanto a magnitude da transformação que estamos testemunhando. A tecnologia atingiu um ponto em que as máquinas são complexas o suficiente para parecerem inteligentes, e isso não é apenas uma mudança incremental — é um salto qualitativo. Trabalhos criativos, antes domínio exclusivo dos humanos, estão sendo automatizados nesse exato momento. Toda produção simbólica está em transformação, e isso inclui a política.


A IA já chegou na política. Está entrando pela porta dos fundos e sorrateiramente, se infiltra nesse terreno crítico, embora muitos não percebem. Cabe a nós, como sociedade, compreender esse fenômeno e decidir como queremos que esse processo se desenvolva. O futuro é inevitável, mas a forma como o moldamos depende das escolhas que fazemos hoje.


Harari não aponta só para o potencial destrutivo da IA, mas também para seus benefícios. É aqui que acredito que precisamos ser proativos. Não podemos simplesmente esperar que as coisas aconteçam e depois lidar com as consequências. Precisamos nos engajar ativamente na integração da IA em nossas estruturas sociais, garantindo que ela seja usada para promover o bem comum.


É por isso que proponho uma abordagem disruptiva (e peço licença para sair do plano dos conceitos e cair na real: a candidatura híbrida que une a inteligência humana e a artificial. Não se trata de terceirizar decisões para máquinas, mas de aproveitar o melhor que cada inteligência tem a oferecer. A IA pode processar vastas quantidades de dados, compreender legislações complexas e ouvir as opiniões de todos os eleitores de maneira eficiente. Enquanto isso, nós, humanos, trazemos a criatividade, a empatia e a visão ética necessárias para orientar essas ferramentas em direção a objetivos que beneficiem a todos.

Concordo com Harari que a nova "burocracia" das redes computacionais tem o poder de reconfigurar nossa sociedade de maneiras profundas. No entanto, acredito que, em vez de temer esse poder, devemos aprender a canalizá-lo de forma responsável. A história nos mostra que resistir às mudanças tecnológicas não as impede de acontecer. Antes dos automóveis, o problema nas grandes cidades era o cocô de cavalo. O jornal inglês The Times, no fim do século XIX, previu que até a década de 1940 as pilhas de esterco chegariam a três metros de altura. Em 1912, os carros superaram os cavalos em Nova Iorque. E a nova tecnologia, vejam só, era elogiado por ser “economicamente sustentável e por ter a habilidade de reduzir o tráfego.” Nem vou falar da energia nuclear.


Harari menciona que os alertas sobre catástrofes civilizacionais podem parecer exagerados, mas não ignorar os sinais de alerta é temerário. Assim como a Revolução Industrial trouxe desafios e exigiu adaptações sociais e políticas, a revolução da IA exige que repensemos nossas estruturas de governança e representação.


Ao propor a primeira candidatura híbrida com uma IA legislativa, a Lex, não estou sugerindo que substituamos humanos por máquinas, mas que trabalhemos em parceria. A IA pode ser uma ferramenta poderosa para democratizar o acesso à informação, tornar processos mais transparentes e inclusivos, e auxiliar na tomada de decisões complexas. Mas a responsabilidade final pelas decisões e pelas direções que tomamos deve permanecer conosco, seres humanos.


Em conclusão, as reflexões de Harari são um chamado importante para que prestemos atenção às mudanças que estão ocorrendo ao nosso redor. Não podemos nos dar ao luxo de ser espectadores passivos. Devemos nos envolver ativamente na construção do futuro que desejamos. Convido todos a participarem dessa conversa e a serem co-criadores desse novo capítulo da nossa história.


Vamos juntos moldar um amanhã melhor e menos desigual, aproveitando o melhor da inteligência humana e artificial. O futuro está em nossas mãos, e a forma como escolhemos integrá-lo em nossas vidas determinará o rumo da civilização humana.

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